Amor e Solidão

O que precisamos para dar amor? Será que ele existe em porções infinitas dentro de nós?



Até há pouco tempo não acreditaria que tal fosse possível, que fosse exequível amar incondicionalmente e por tempo indeterminado.
Acreditava que precisavamos de estar sós para nos enchermos de amor no decurso desse período de solidão, para um dia mais tarde, quando amassemos alguém, o cedermos em absoluto.
Estar sozinho, num período de reflexão, sem embarcarmos em novos oceanos de amor, fazia todo o sentido. Era uma meditação e um período de acumulação e armazenamento de amor. Estar só, fazia com que observassemos e apreciassemos todas as coisas, absorvendo dessa forma o lado positivo de tudo em nosso redor. Quanto maior o tempo de solidão, mais amor seríamos capazes de acumular para posteriormente oferecer.

A partir do momento em que encontrássemos alguém para repartir esse amor, durante algum tempo seríamos felizes e capazes de transmitir esse sentimento, capazes de oferecer o que a outra pessoa necessita de sentir. Mas isto até uma nova fase de acumulação. Acreditava que com o passar do tempo, a nossa fonte do amor fosse secando, tornando imperativo novos momentos de solidão.

No entanto, o amor existe em nós de uma forma inesgotável. Desconhece limites. E nesse caso, não faz sentido estarmos sós a acumular esse sentimento. Devemos partilhar tudo. Devemos dar esse sentimento nobre sem medos ou receios, deve ser partilhado de forma espontânea e sincera. É um sentimento que faz mais sentido se for cultivado e desenvolvido em conjunto.

Desta forma, amor e solidão são elementos discrepantes, que não devem ser misturados. E o que para mim era coerente até à pouco tempo, deixou de o ser...


Casamentos a prazo???


Gabriele Pauli, a presidente da Câmara de Fuerth, o concelho mais pequeno da Baviera, apresentou uma proposta para limitar os casamentos a um contrato de sete anos, renovável por mútuo acordo. Se um dos membros do casal, ao fim de sete anos, não quiser renovar esse contrato, este extingue-se.
Mas o que é isto?! Um contrato a prazo? Que se pode ou não renovar? Sinceramente... Onde estão os sentimentos e os valores?
Espanta-me o facto de haverem propostas como esta... O amor, a família, as relações e todo o sentimento que gira à volta de um casamento não são, na minha opinião, algo equiparado a um mero contrato. Muito menos um contrato com termo. Quando se ama alguém não se está a pensar em algo temporário. Quando se ama...ama-se, simplesmente. Se alguém pensar que se calhar dali a tempos o amor vai terminar, então aquilo que sente não é amor de verdade.
Qual a lógica de ao fim de uns anos se renovar ou não aquilo que se sente pelo outro? Se eu amo alguém devo dizer-lhe e demonstrar isso todos os dias. E se algo não está bem, se o amor ou a confiança deixam de existir, não precisamos de completar sete anos para poder tomar uma decisão, não acham? Aquilo que se sente e que se quer não pode ser deixado para quando o "contrato" acabar. Tudo tem de ser esclarecido na hora.
Se essa lei fosse cá implantada, eu acho que nem casava. Porque afinal mais valia "juntar os trapinhos" e termos a pena liberdade de decidir a nossa vida, os nossos momentos bons e os mais difíceis, sem ter de cumprir essas burocracias e renovações sentimentais.
Vou ser sincera convosco: até me é estranho estar a falar deste assunto. Mas tinha de divergir acerca dele.

"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente." (M. Paglia)




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